Continuação...
3. O porco chauvinista como herói
Deve-se considerar, em alguns detalhes, os dois erros atrozes cometidos pelos adeptos do movimento de liberação da mulher. É pelo seu bom senso ao se opor a esses programas que o porco-chauvinista pode ser considerado um herói.
Leis que estabelecem "salários iguais para trabalhos iguais". A questão aqui é, naturalmente, como definir "trabalhos iguais", se isso é tomado literalmente e abrangendo todos os aspectos da produtividade do empregado, tanto a curto quanto a médio prazos, inclusive os diferenciais psíquicos, a discriminação pelos clientes e pelos outros trabalhadores, a habilidade do empregado de entrosar-se com os gostos, não gostos e idiossincrasias do empresário. Em resumo, todos esses componentes devem ser pesados, se trabalho igual significa, para o empresário, exatamente o mesmo que lucratividade igual. Só então, no livre mercado, trabalhadores com essas mesmas habilidades tendem a ganhar salários iguais. Se, por exemplo, as mulheres ganhassem menos do que os homens, mesmo sendo trabalhadoras tão boas quanto eles, nesse sentido, entrariam em cena forças que, ao levarem a situação a um desfecho, assegurariam o pagamento igual. Como? O empregador poderia ganhar mais dinheiro substituindo funcionários por funcionárias. A demanda por trabalhadores homens diminuiria, baixando, assim, os salários dos homens; e cresceria a demanda por trabalhadoras mulheres, elevando os salários das mulheres. Cada empresário que substituísse um homem por uma mulher teria uma vantagem competitiva sobre o que se recusasse a fazê-lo. Os empregadores maximizadores de lucros teriam lucros continuamente maiores do que os empregadores discriminadores. Os maximizadores de lucros teriam condições de vender mais barato do que os discriminadores e, sem a concorrência de qualquer outro fator, eventualmente levá-los à falência.
Na pura realidade, entretanto, os proponentes de salários iguais para trabalhos iguais não têm em mente esse tipo estrito de igualdade. Sua definição de "igualdade" são os mesmos anos de escola, habilidades equivalentes, escolaridades equivalentes e, talvez, resultados similares em testes de aptidão. No entanto, indivíduos virtualmente idênticos, no que se refere a esses critérios, podem ter capacidades extremamente diferentes de gerar lucros para os empregadores. Por exemplo: consideremos dois trabalhadores, um homem e uma mulher, idênticos no que toca a resultados de testes e nível de escolaridade. É fato incontestável que, em caso de gravidez, o mais provável, de longe, é que a mulher fique em casa e crie o filho. Considerar se esse costume é ou não justo, não é relevante. Relevante é o que efetivamente acontece. Se a mulher fica em casa, interrompendo uma carreira ou um emprego, ela passa a valer menos para o empregador. Neste caso, embora os candidatos homem e mulher estejam identicamente qualificados para o cargo, a longo prazo o homem será mais produtivo do que a mulher e, portanto, mais valioso para o empregador.
Paradoxalmente, muitas peças de evidência indicando que homens e mulheres não são igualmente produtivos surgem do próprio movimento de liberação da mulher. Há vários estudos em que homens e mulheres foram testados, primeiro em grupos isolados uns dos outros e então juntos, competindo um com o outro. Em alguns casos, quando os grupos eram testados isoladamente, as mulheres demonstravam claramente que tinham habilidades inatas maiores do que os homens. Ainda assim, quando os dois grupos eram testados em competição, os homens invariavelmente obtinham melhores escores do que as mulheres. Deve-se enfatizar, novamente, que a preocupação aqui não é com a equidade dessas ocorrências, e sim com os efeitos. A questão é que, no mundo do trabalho, as mulheres frequentemente se encontram em situação de competição com os homens. Se elas se submetem constantemente aos homens e não conseguem dar o máximo de si ao competir com eles, são, na verdade, menos úteis ao empresário, para a obtenção de lucro. Se a mulher é igual ao homem nos resultados dos testes e inferior a ele na maximização de lucros, então a lei de salários iguais por trabalhos iguais se mostra desastrosa para as mulheres.
Isso é calamitoso, porque os incentivos à maximização de lucros são revertidos. Em vez de o mercado dar um forte impulso à contratação de mulheres e dispensa de homens, os empregadores estarão motivados a demitir mulheres e contratar homens para seu lugar. Se eles forem forçados a pagar o mesmo salário a homens e mulheres, muito embora não sejam igualmente produtivos, o aumento dos lucros se dará na medida em que os trabalhadores homens substituam as mulheres. Os empregadores inclinados a adotar o ponto de vista feminista, insistindo em manter trabalhadoras mulheres, terão seus lucros reduzidos e perderão sua fatia de mercado. Os empregadores que prosperarão, serão os que não empregarem mulheres.
Devemos destacar que a tendência de mulheres que sejam realmente iguais aos homens em produtividade, receberem salários iguais só existe no livre mercado regido por lucros e perdas. Somente na livre iniciativa há incentivos financeiros para contratar mulheres altamente produtivas e desvalorizadas, para "tirar vantagem" de sua condição e, com isso, aumentar seus salários.
No governo e nos setores sem fins lucrativos, esses incentivos orientados para o lucro estão, por definição, ausentes. Não é nem um pouco por acaso, então, que virtualmente todos os abusos reais das mulheres nesse sentido tenham lugar no governo e nas áreas sem fins lucrativos, como escolas, universidades, bibliotecas, fundações, serviço social e serviços públicos. Há poucas alegações de salários mais baixos para mulheres em campos da iniciativa privada como informática, propaganda ou mídia.
4. Leis que obrigam à não discriminação
O McSorley's é um bar na cidade de Nova Iorque que admitia exclusivamente homens, até que foi "liberado". Sob a bandeira da nova lei contra a discriminação no estado de Nova Iorque, pela primeira vez na história do estabelecimento as mulheres foram servidas. Isso foi comemorado como um grande passo adiante no progresso pelas facções liberais, progressistas e do movimento de liberação da mulher. A filosofia básica por trás dessa lei e da consequente liberação do McSorley's parece ser a de que é ilegítimo discriminar clientes potenciais em função do sexo a que pertencem.
Se os problemas com essa filosofia não estão bastante aparentes, podemos torná-los, ao considerarmos vários reductio ad absurdum. Se essa filosofia fosse adotada estritamente, não seriam considerados "discriminatórios", por exemplo, os banheiros separados para homens e mulheres nos locais "públicos"? E as alas residenciais para homens? E os homossexuais masculinos? Poderiam ser acusados de "discriminação" contra as mulheres. E as mulheres que se casam com homens, não estão discriminando outras mulheres?
Esses exemplos, é claro, são ridículos. Mas são consistentes com a filosofia de antidiscriminação. Se são ridículos, é porque a filosofia é ridícula.
È importante termos em mente que todas as ações humanas implicam discriminação, na única definição sensata dessa palavra que tão mal tem sido empregada: selecionar e escolher, das alternativas disponíveis, aquela que melhor atende a nossos interesses. Não existe sequer uma ação praticada por seres humanos que não esteja de acordo com essa máxima. Discriminamos quando escolhemos um creme dental, quando decidimos sobre um meio de transporte ou com quem nos casarmos. A discriminação praticada pelo gourmet ou pelo provador de vinhos é e somente pode ser a discriminação praticada por todos os seres humanos. Qualquer ataque à discriminação, portanto, é uma tentativa de restringir as opções abertas a todos os indivíduos.
Mas, e quanto à opção das mulheres de tomarem drinques no McSorley's? Os direitos delas estavam sendo violados? Não. O que elas experimentavam era o que um homem experimenta quando uma mulher rejeita suas investidas sexuais. A mulher que se recusa a sair com um homem não é culpada de violar os direitos deste - pois seus direitos não incluem um relacionamento com ela. Este existe como uma possibilidade, mas não um como um direito, a não ser que ela seja sua escrava. Da mesma forma, um homem que queira beber em companhia de outros, homens não é culpado de violar os direitos das mulheres. Pois estes não incluem beber com pessoas que não desejam beber com elas. Só numa sociedade de escravos é que isso é assim. Só numa sociedade de escravos é que o amo pode obrigar o escravo a satisfazer suas vontades. Se as forças antidiscriminatórias forem bem-sucedidas em impor sua filosofia ao público em geral, elas também o serão em subjugar o público sob as patas da besta da escravidão. Na medida em que o porco-chauvinista resiste bem a essas tendências, deve ser considerado um herói.
Por hoje é só.
Espero que tenham gostado.
Abs
Seu amigo Cafeta$
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